terça-feira, 21 de agosto de 2007

No meio do caminho

Cãibras insuportáveis eu sentia, o que tornava impossível continuar andando. No meio do caminho, no meio da serra sentado numa grande pedra chata no meio da depressão. Aproveitando a sombra do meio da tarde quando o sol está atrás da serra e o vento ainda é fresco, a noite sem abrigo é insuportavelmente gelada. Mas naquele momento o contraste era interessante, nem a brasa do sol tão conhecida e nem o frio da noite com gotas de gelo.

A lucidez voltava aos poucos lembrando que a marcha deveria continuar até no mínimo a pequena igrejinha construída num dos patamares da serra, único abrigo de minha noite. O descanso era bom, bagos de tangerina desciam a garganta sem sequer preocupar-me com os caroços, o sumo era doce e límpido, já havia até mesmo esquecido das cãibras incapacitantes na parte anterior da coxa, impossível andar...

Desabafo

No momento, neste exacto momento e também agora que você está lendo eu sinto de frio na barriga à excitação, mas o tópico aqui é Agora, ontem e hoje.

"Agora eu estou perdido? Sem esperanças na frente do espelho."
Eu perdi uma querida e desejei isso
uma amiga também, mas essa por besteira
sem sentimentos!

"Sombra em si"
Sentimento eu tenho, um sentimento que eu sei impuro e escuro
Sentir-se superior, desprezo por quem não pensa como você e noção de que na verdade isso não é nada
não é verdade.

"Nada interessa mais "
Busco a intelectualidade, deixar de ser medíocre
em tudo que faço e gosto, esporte, compreensão da música ou estudo de tudo
mas pra que? pra nada, só pra sentir orgulho e ser elogiado por alguém
pra alguém reconhecer, elogiar e voltar pra segunda estrofe
"O lado negro"

E essa droga toda está confusa, nada mais que minha cabeça tentando encontrar sentimentos onde tudo é espontâneo. Quando eu encontrar tudo vai melhorar, terei o prazer da vida e o gozo da morte!

No final das contas nunca sai como esperado, imaginado, planeado...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Começo de um possível meio

Faz frio, principalmente nesta época do ano, junho. Mas é bom, muito bom cair nestas águas geladas, sentir cada pedacinho do corpo estremecer. Em baixo da cachoeira ventos fortes trespassam a água em queda que periodicamente rasga em nossas costas como facas, de gelo. O primeiro mergulho é assustador, a primeira vontade: gritar, gritar alto pois parece que espanta o frio para bem longe, mais longe que a própria voz. Depois do choque uma surpresa, uma sensação confortável, quente, até mesmo calor, um calor refrescante, tão quanto um gole daquela água escura, avermelhada. Boa.

No vale que cai esta cachoeira um passatempo, catar as pedras do fundo do rio. Brincadeira infantil e é ai que estamos, na infância, no vale, no rio, no Patrício, com Horácio. A cada mergulho euforia contida pela água, com os olhos fechados enchemos as mãos ao máximo, voltamos a superfície e berramos novamente, mas que frio! Ah! Jogamos as pedrinhas na beira e com alegria olhamos, com surpresa catamos. Diamante.