quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

As Três Feridas

Ela não queria se mexer
Estava caída de barriga para baixo
Com as mãos apertadas contra o rosto
Nua. Com sangue escorrendo pelas pernas
Estava chorando

Seu último grito foi terrível
A órbita era um poço de sangue
Sobre o qual ela apertou a mão ensanguentada

Quando sua respiração parou
Ela desmoronou nas pedras
Ficou em silêncio;
uma figura minúscula agachada sob uma capa preta
uma coisa informe estremecendo aos meus pés.

Duas feridas da sabedoria
A ferida do corpo
E a ferida do orgulho
Agora estou diante da loucura

A vergonha que cobre os olhos
E ela chora
Vergonha que move ela para baixo
E ela se esconde
A vergonha que a faz levantar
Para em lágrimas se revoltar

Pingando sangue, coberta por farrapos
Ela consegue sentir as chamas
Que queimam dentro de si e envolta de seu corpo

Dando-lhe um ar espectral como se sua alma
Já estivesse vestida com corpo-sombra do outro mundo
É fácil reconhecer quem é tocado pelos Deuses

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Sem título. Vazio.

É a segunda vez que isso acontece.

Eu não consigo falar. Não consigo porque não sei dizer, porque não sinto, porque não sei dizer e não sinto, porque sinto e sei dizer mas não digo.

Uma pequena confusão.

Na terceira pessoa do singular eu faço perguntas, obtenho respostas e entendo o que dizem. Mas na primeira, na primeira vez eu não soube e agora eu não sei. Novamente.

Segunda viagem que parte triste, sem meu beijo, segunda pessoa que parte sem minha inclinação da alma e do coração.

Eu não sei falar: "eu te amo".