terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Em defesa das crianças.

A voz era doce, os gestos tinham cores mas aquilo não era familiar.
Os sussurros dele foram interrompidos por minha pergunta estrangulada, engasgada sem querer sair da garganta. Uma de suas mãos tocava naquilo estranho e a outra acariciava meu braço fino.
"O que é isso?" Minha pergunta soou como um gemido ao mesmo tempo que ele abaixava a calça e apertava meu braço com mais força.
"Shh... não conte pra ninguém. É um carinho especial, um jeitinho diferente de papai amar." A confusão apertava ainda mais meu pescoço e impedia qualquer movimento ou palavra como forma de saída.

"Seu pai tocou em sua vagina? Não.
Você sabe o que é vagina? Não."

Eu tinha apenas seis verões de vida.