Um pesadelo para ninguém, o sonho de ninguém, desejado por ninguém, não sou para ninguém. Único? Sozinho? Não.
Eu apenas sou porque você é para mim, eu criei você e você me inventou.
A gota com a cena anterior projetada se divide em várias com outras cenas semelhantes. Mais distante. Incríveis outras gotículas brilhantes chocam-se, com força torrencial, contra o vidro daquele mesmo ponto de ônibus, daqueles mesmos dois pacientes agora olhando para cima, para a chuva.
Milhares de outras ilhas delirantes como aquela projetam-se nos choques da água e do sal com os mesmos dois pacientes agora personagens.
(continua o som do mar, agora mais ameno. É dia e o céu está claro) A onda recua, e com esse recuo nossa visão também se distancia aos poucos: nos mostra a areia molhada, a areia sugando a água, a areia seca, a praia. Cada vez mais distante também vemos os arbustos e coqueiros, duas redes presas e dois homens deitados olhando para nós. Distantes Fechamos os olhos.
Vendo de trás de um ponto de ônibus com quebra-vento de vidro e para-chuva, duas pessoas sentadas esperam a chegada de seus transportes olhando para o lado, o fim da rua. O vento está forte tornando o som da maré mais audível e a branquitude da maresía aparece à luz dos postes também branca. Um carro passa normalmente mas sem chamar a atenção dos nossos pacientes. O salitre deixa manchado o viro do ponto.