quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Bom Dia.

Que passaro é esse? São 3:20 da manhã, acordado e esperneando, rogando a todos os ventos que o leve a um lugar mais arejado. Verde, frio, que pegue fogo de tempos em tempos, que destrua tudo. Esse é seu sonho. Mentira, ele não sonha.

Tão cedo, tantos sons.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Manga Verde

Encima de uma árvore duas crianças sentem-se seguras, protegidas por montes de folhas do calor e da luz do sol, mas também parece que de palavras não ditas e malditas, as folhas viram escudos que não deixam passar sequer em lembrança qualquer mal.

No topo dessa fortaleza verde o proibido parece permitido, a "perversidade polimorfa", o sinal de fogo, a manga verde, o silêncio e o puro nada. Todos juntos e vivos.

A segurança de lá, poucas vezes sentida novamente, o pequeno desequilíbrio permite cair, frágeis são os elos exclusivamente individuais que nos seguram, mas caímos em pé.

sábado, 26 de julho de 2008

Bom dia ou boa noite?

Ele é o primeiro a fazer sua reivindicação para ser notado. São 3:40 da manhã e ele só quer ser amado. Minto, não tanto, apenas ser notado.

Há apenas uma pequena diferença entre ser amado e notado nessa anedota: a idade e a parceira certa. Com míseros e triunfantes meses de vida ele ainda é considerado inocente e infantil, faz de tudo um pouco para chamar e ter atenções.

Ele é só um passarinho que eu tenho ouvido por várias noites ultimamente.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Boom!

É delicado tentar explicar (ou deduzir?) uma situação de conflito para quem está posicionado no meio do conflito, digamos da batalha, mesmo que esse conflito seja apenas sugerido.

No meio do campo de guerra. Fogo, sangue e barulho surdo. No meio do campo de guerra é levantada uma bandeira branca: tentativa de diálogo. Todo o barulho ficou mudo com apenas ao fundo uma música de sussurros. Sujeito 1 de um lado; sujeito 2 do outro e indivíduo 3 acima:

Indivíduo 3: "Quero entender por quê vocês estão odiando. Vocês conseguem identificar a peça desencadeadora do ódio?"

Explode uma bomba junto com essa pergunta. Os dois sujeitos com os rostos corados, já carecas e pingando raiva voltam à suas trincheiras.

Quem vai entender as peças desse sistema? Quanto mais O sistema.

Alguém entendeu essas letras? Deve ser irritante.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Em defesa das crianças.

A voz era doce, os gestos tinham cores mas aquilo não era familiar.
Os sussurros dele foram interrompidos por minha pergunta estrangulada, engasgada sem querer sair da garganta. Uma de suas mãos tocava naquilo estranho e a outra acariciava meu braço fino.
"O que é isso?" Minha pergunta soou como um gemido ao mesmo tempo que ele abaixava a calça e apertava meu braço com mais força.
"Shh... não conte pra ninguém. É um carinho especial, um jeitinho diferente de papai amar." A confusão apertava ainda mais meu pescoço e impedia qualquer movimento ou palavra como forma de saída.

"Seu pai tocou em sua vagina? Não.
Você sabe o que é vagina? Não."

Eu tinha apenas seis verões de vida.